terça-feira, 5 de junho de 2012

"Sermos nós próprios, unicamente nós próprios, é algo de extraordinário. Mas como chegar a isso, como alcançá-lo? Ah!, eis o truque mais difícil de todos. Difícil, precisamente porque não envolve qualquer esforço. Tentas não ser isto nem aquilo, nem grande nem pequeno, nem hábil nem desajeitado... estás a perceber? Fazes o que te vem à mão. De boa vontade, bien entendu. Porque nada há no mundo que não tenha a sua importância. Nada. Em vez de risos e aplausos recebes sorrisos. Pequenos sorrisos de satisfação - e é tudo. Mas é justamente o próprio tudo... mais do que alguém pode pedir. Fazendo o trabalhinho sujo, alivias as pessoas dos seus fardos. Isso torna-as felizes, mas a ti torna-te ainda mais feliz, compreendes? É claro que deves fazê-lo sem ostentação, por assim dizer. Nunca deves mostrar-lhes o prazer que te dá. Se te deixas apanhar, se te descobrem o segredo, estás perdido. Chamar-te-ão egoísta, faças por elas o que fizeres. Podes fazer tudo por elas - chegares mesmo a matar-te de trabalho - enquanto não suspeitarem que te estão a enriquecer dando-te uma alegria que nunca poderias dar a ti próprio..."

Henry Miller, "O sorriso ao pé das escadas"

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