sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

- O que vai fazer a seguir?
- Vou tomar banho.
- E a seguir?
- Vou comer.
- E a seguir?
- Vou dormir.
- E a seguir?
- Quando acordar?
- Sim.
- Vou comer outra vez e vou à casa de banho.
- E vai fumar um cigarro?
- Não estou a planear fumar um cigarro, mas não prometo nada.
- Então o que está a planear fazer?
- Essa pergunta é muito pessoal.
- Não quer dizer quais são os seus planos?
- Não.
- Porquê?
- Porque tal como disse, são meus.
- Nunca fala com ninguém sobre os seus planos?
- Às vezes falo, com pessoas próximas e em quem confio.
- Os seus planos são ambiciosos?
- Depende do que entende por ambicioso. Essa palavra é muito relativa.
- Os seus planos são de curto, médio ou longo prazo?
- São de curto/médio prazo, mas os sonhos são de longo prazo.
- E os sonhos? Costuma partilhar com alguém os seus sonhos?
- Não. Ainda estou a reaprender a "partilhá-los" comigo.
- Quando era criança, o que queria "ser" quando fosse grande?
- Veterinária.
- O que sente, hoje, por não ser veterinária?
- Neste momento não tenho vontade de ser veterinária. Não me arrependo de não ter seguido esse caminho.
- Está contente com o seu percurso?
- Sim. Começa agora a fazer sentido. Consigo compreender por que motivo tudo aconteceu desta forma e não de outra.
- O que sente em relação ao futuro?
- O futuro não me assusta.
- Porquê? Pensa que sabe, de alguma forma, que vai ser favorável? É uma optimista?
- Em relação ao futuro sei muito pouco. Estou cansada de tentar prever o futuro. Tem sido uma luta. Custe o que custar, tenho de me convencer que jamais conseguirei prever o futuro. O "destino" está sempre a trocar-me as voltas. Muitas vezes convenço-me que sei o que vai acontecer a seguir, mas nunca acerto porque o futuro não depende só de mim. Para conseguir prever o futuro seria necessário conseguir prever também o dos outros. Isso é muito difícil.
- Difícil ou impossível?
- Ora aí está uma boa pergunta.
- E qual é a resposta?
- Não sei.