quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"e depois conversei com ela em assuntos só nossos, perguntando, sem resposta, porque lhe deste pernas abertas a cheirar maldade que te sujeitou deus no buraco. bondade que tivesses fugias a casa de teu marido, para te reservares de proximidades só de quem te desposou. porque lhe deste tu oportunidade, minha ermesinda. nem que te cales te perdoo, cada vez menos to aceito, e se nada me contas mais te invento teres feito e mais o imagino e fico louco de to atribuir. e não me dizes mais nada, por deus, se te usasse a língua palavra uma que te salvasse, eu te daria toda a guarida do mundo e, mais que isso, todo o tamanho do meu coração. diz-me, ermesinda, diz-me que coisas te fazia dom afonso, como te fazia e em que diferia, para te merecer todas as manhãs e segredo até de mim. e a minha ermesinda não abria boca. não dizia nada."

valter hugo mãe, "o remorso de baltazar serapião"

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