quinta-feira, 15 de março de 2012

"Mesmo que se engane, o desenvolvimento natural da sua vida interior conduzi-lo-á lentamente, com o tempo, a um outro estado de conhecimento. Deixe que os seus juízos tenham a sua evolução natural, silenciosa. Não contrarie esta evolução que, com todo o aperfeiçoamento, deve vir do mais profundo do seu ser e não pode suportar coacções nem pressas. «Levar a termo e dar à luz» - eis tudo. É preciso deixar cada impressão, cada gérmen de sentimento amadurecer em si, no obscuro, no inexprimível, no inconsciente - essas regiões fechadas ao entendimento. Espere com humildade e paciência a alvorada de uma nova claridade. Aos simples fiéis a Arte exige tanto como aos criadores.
O tempo, neste caso, não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não são nada. Ser artista é não contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva, que resiste, sem temer que o Verão possa não vir. O Verão vem. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão calmos como se tivessem na frente a eternidade. Aprendo-o todos os dias à custa de sofrimentos que bendigo: a paciência é tudo."

Rainer Maria Rilke, "Cartas a um jovem poeta"

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