sábado, 17 de março de 2012

"Na ponta de cada ramo, qual figo viçoso e suculento, acenava um futuro maravilhoso que me piscava também o olho. Um figo era um marido, um lar feliz e crianças, outro um famoso poeta, outro um professor brilhante, outro Ee Gee, o brilhante redactor, outro a Europa, a África e a América do Sul, outro Constantin e Sócrates e Átila e mais uma série de namorados com nomes esquisitos e profissões estranhas, outro uma campeã olímpica, e todos estes figos estavam ainda rodeados por outros que não consegui identificar.
Vi-me a mim própria sentada à beira da figueira cheia de fome porque não conseguia escolher entre tantos figos. Queria-os a todos, mas escolher um significava perder os outros. Assim, enquanto permanecia sem saber o que fazer, os figos murchavam e caíam, um após outro, a meus pés."

Sylvia Plath, "A campânula de vidro"

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