quarta-feira, 20 de junho de 2012

"Relacionadas com as nossas crenças ilusórias sobre a política e a democracia estão algumas noções respeitantes à política de voto. Encontra-se muito difundida na nossa sociedade uma crença (ou, pelo menos, um comportamento em conformidade com essa crença) segundo a qual, depois de vermos e ouvirmos um candidato na televisão, poderemos fazer previsões acerca da sua actuação se for eleito para o cargo. Pelo contrário, existe um considerável conjunto de provas fornecido pelas experiências sócio-psicológicas de que quando os seres humanos estão frente a outros seres humanos (particularmente quando os vêem a proferir palavras intencionalmente influenciadoras) são péssimos avaliadores do sentido dessas palavras e das suas implicações em termos de comportamento. Existem boas provas, por exemplo, de que, se a opinião do espectador for já favorável ao candidato, interpretará o discurso deste, qualquer que seja, de forma a coadunar-se com a sua própria posição em relação ao problema; enquanto que, se a opinião do espectador em relação ao candidato for desfavorável, interpretará o mesmo discurso em discordância com a sua posição."

Herbert Simon, "A razão nas coisas humanas"

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