domingo, 18 de novembro de 2012

"- Os meus amores de um instante valem por amores de um século. Mas, por felicidade, ninguém me segue e eu não tenho tempo de criar essa habilidade a partir da qual se engendra o ciúme. Isso, ria-se! Não tema o devir nem a morte. Nunca se tem a certeza de morrer. Julga então que eu sou o único que não morreu! Lembre-se de Enoch, de Elias, de Empedócles, de Apolónio de Tirana. Será que já ninguém neste mundo acredita que Napoleão continua vivo? E esse desafortunado rei da Baviera, Luís II? Pergunte aos bávaros. Todos afirmarão que o seu rei magnífico e louco vive ainda. Você, você mesmo, não morrerá talvez."

Guillaume Apollinaire, O Heresiarca e C.ª

3 comentários:

  1. Nunca se soube de alguém que não houvesse morrido... mas será que temos a certeza de que foi realmente assim? Se alguém não morreu e ficou para semente, quando todos os que o viram nascer tiverem morrido, terá dificuldade em fazer crer aos demais que já existe há, talvez, mais de dois séculos... os que não morreram perderam-se no tempo, nos anos, nos séculos... não andam por aí a apregoar a sua não-morte! E aqueles que se esqueceram de contar quantos anos tinham? E que perderam a memória de há quantos anos vivem? ... Não há provas científicas de que não se possa não morrer! :)

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  2. Nunca tive tanta vontade de deixar de fumar como desde que comecei a pensar que pode ser possível não morrer ou, pelo menos, viver mais de mil anos como apregoa um cientista qualquer. É muito engraçado pôr em causa a morte e o envelhecimento porque, segundo o que quase toda a gente diz, é a única certeza que temos. Eu já nem essa certeza tenho :)

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  3. O cientista deve ser um tal Aubrey de Grey. Não me espantaria nada, mesmo nada. E apesar de apreciar o conceito de reencarnação, acho que deveríamos viver mais, mesmo com esta pele em que nos encontramos. :)

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