sábado, 16 de junho de 2012

"Agora, suponhamos que uma mutação produz um gene altruísta que leva o indivíduo altruísta a empreender uma determinada actividade benéfica para todos os membros do seu grupo característico (mas não para os do deme), com algum sacrifício seu. Para um dado grupo característico, o resultado será o aumento da aptidão dos egoístas em relação à dos altruístas. No entanto, terão lugar algumas variações, de um grupo característico para outro, na proporção dos altruístas para os egoístas. A aptidão média será mais elevada nesses grupos onde existe um maior número de altruístas (desde que as implicações do seu comportamento altruísta encontrem recompensa justa no reconhecimento desse mesmo altruísmo por parte de número significativo de outros elementos do grupo). Os altruístas nestes grupos característicos favorecidos podem ter uma aptidão mais elevada que os egoístas em grupos com um maior número de egoístas. É fácil mostar rigorosamente que, se se verifica uma variação suficientemente grande na proporção de altruístas entre os diferentes grupos característicos, a aptidão média dos altruístas excederá a dos egoístas, implicando que o gene altruísta irá ocupar o lugar do egoísta nessa população.
Não é excessiva a variação requerida para produzir este resultado; de facto, se os altruístas se encontram distribuídos entre os diversos grupos característicos com uma variação tão grande como a da distribuição binominal, predominará o gene altruísta.
(...) O aparente paradoxo neste resultado pode dissipar-se se notarmos que, de um modo geral, os altruístas viverão em grupos característicos com uma proporção de altruístas mais elevada que a que está presente em grupos característicos habitados sobretudo por egoístas. Quer isto dizer que, em média, os altruístas estarão expostos a um meio mais favorável no seu grupo característico do que estarão os egoístas; por isso, os altruístas serão os melhores adaptados."

Herbert Simon, "A razão nas coisas humanas"

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